Diabéticos – tipo 1, tipo 2, tipo 3c, gestacional, LADA - são, por conceito, intolerantes a alta carga glicêmica. A sobrecarga glicêmica requer
compensação com manejo farmacológico. Tanto o excesso glicêmico quanto o excesso
farmacológico podem levar a prejuízo da saúde (1,2). Isto posto, a recomendação
padrão para terapia nutricional para pacientes diabéticos é a restrição em alimentos
com alta carga glicêmica (3–7).
Considerando-se por exemplo adultos com resistência insulínica e diabetes tipo 2 bem diagnosticada e avançada, já em uso de multiplas medicações para manejo glicêmico. Esse grupo de pacientes aparentemente precisaria de otimização em seu perfil nutricional e alimentar como apontado pela necessidade de tanta medicação para manejo da doença. Faz-se tipicamente necessário redução de peso conforme indicado pelo limiar pessoal de adiposidade intraorgão
(8). Dado ausência de outras morbidades - além daquelas do cluster de síndrome metabólica que costumam acompanhar DM2 (9) , esses pacientes precisam fazer redução de carga glicêmica por redução de amido, o que de outra sorte é benéfico em termos gerais por se afastar deste grupo de alimentos que são pobres em micronutrientes (10). A mudança de padrão nutricional deve
entretanto ser feito em estreita harmonia com os princípios de uma alimentação saudável,
ou seja, de alimentos minimamente processados, afastando-se do padrão de ultraprocessamento
de alimentos conforme indicado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira
e a classificação internacional de processamento de alimentos (11–13). Essa orientação - centenária - tem sido suportado pelas melhores evidências clínicas atuais (14–17). Além da rápido ajuste
glicêmico após aderência a essa recomendação nutricional, os pacientes ainda se
beneficiam da redução de medicalização (18,19).
Menos medicamento e mais saúde: alcançados com respeito a alimentação tradicional
e rica em micronutrientes, e em respeito as diversidades culturais e étnicas.
FONTE:
1. Group TA to CCR in DS.
Effects of Intensive Glucose Lowering in Type 2 Diabetes [Internet].
http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa0802743. Massachusetts Medical Society; 2009
[cited 2021 May 21]. Available from:
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmoa0802743
2. Jenkins
DJA, Dehghan M, Mente A, Bangdiwala SI, Rangarajan S, Srichaikul K, et al.
Glycemic Index, Glycemic Load, and Cardiovascular Disease and Mortality. New
England Journal of Medicine. 2021 Apr 8;384(14):1312–22.
3. Allen
FM. THE TREATMENT OF DIABETES WITH INSULIN. JAMA. 1923 Oct 20;81(16):1330–5.
4. Bernstein
RK. Dr. Bernstein’s Diabetes Solution: The Complete Guide to Achieving Normal
Blood Sugars. Little, Brown; 2011. 497 p.
5. Davies
MJ, D’Alessio DA, Fradkin J, Kernan WN, Mathieu C, Mingrone G, et al.
Management of Hyperglycemia in Type 2 Diabetes, 2018. A Consensus Report by the
American Diabetes Association (ADA) and the European Association for the Study
of Diabetes (EASD). Diabetes Care. 2018 Sep 29;dci180033.
6. Feinman
RD, Pogozelski WK, Astrup A, Bernstein RK, Fine EJ, Westman EC, et al. Dietary
carbohydrate restriction as the first approach in diabetes management: critical
review and evidence base. Nutrition. 2015 Jan;31(1):1–13.
7. Lennerz
BS, Barton A, Bernstein RK, Dikeman RD, Diulus C, Hallberg S, et al. Management
of Type 1 Diabetes With a Very Low–Carbohydrate Diet. Pediatrics. 2018 May
7;e20173349.
8. Taylor
R, Holman RR. Normal weight individuals who develop Type 2 diabetes: the
personal fat threshold. Clinical Science. 2015 Apr 1;128(7):405–10.
9. Miranda
PJ, DeFronzo RA, Califf RM, Guyton JR. Metabolic syndrome: definition,
pathophysiology, and mechanisms. Am Heart J. 2005 Jan;149(1):33–45.
10. Lima LMTR. Subclinical
Diabetes. An Acad Bras Cienc. 2017 May;89(1 Suppl 0):591–614.
11. Brasil. Guia Alimentar para
a População Brasileira [Internet]. 2nd ed. Brasília — DF: Ministério da Saúde;
2014. Available from:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
12. Iqbal R, Dehghan M, Mente
A, Rangarajan S, Wielgosz A, Avezum A, et al. Associations of
unprocessed and processed meat intake with mortality and cardiovascular disease
in 21 countries [Prospective Urban Rural Epidemiology (PURE) Study]: a
prospective cohort study. Am J Clin Nutr. 2021 Mar 31;
13. Monteiro CA, Cannon G,
Moubarac J-C, Levy RB, Louzada MLC, Jaime PC. The UN Decade of
Nutrition, the NOVA food classification and the trouble with ultra-processing.
Public Health Nutr. 2018 Jan;21(1):5–17.
14. Dehghan
M, Mente A, Zhang X, Swaminathan S, Li W, Mohan V, et al. Associations of fats
and carbohydrate intake with cardiovascular disease and mortality in 18
countries from five continents (PURE): a prospective cohort study. The Lancet
[Internet]. 2017 Aug 29 [cited 2017 Aug 30];0(0). Available from:
http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(17)32252-3/abstract
15. Hall
KD, Ayuketah A, Brychta R, Cai H, Cassimatis T, Chen KY, et al. Ultra-Processed
Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain: An Inpatient Randomized
Controlled Trial of Ad Libitum Food Intake. Cell Metab. 2019 Jul
2;30(1):67-77.e3.
16. Nardocci
M, Polsky JY, Moubarac J-C. Consumption of ultra-processed foods is associated
with obesity, diabetes and hypertension in Canadian adults. Can J Public
Health. 2021 Jun;112(3):421–9.
17. Speakman
JR, Hall KD. Carbohydrates, insulin, and obesity. Science. 2021 May
7;372(6542):577–8.
18. Athinarayanan
SJ, Adams RN, Hallberg SJ, McKenzie AL, Bhanpuri NH, Campbell WW, et al.
Long-Term Effects of a Novel Continuous Remote Care Intervention Including
Nutritional Ketosis for the Management of Type 2 Diabetes: A 2-Year
Non-randomized Clinical Trial. Front Endocrinol [Internet]. 2019 [cited 2020
Oct 25];10. Available from: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fendo.2019.00348/full
19. Murdoch
C, Unwin D, Cavan D, Cucuzzella M, Patel M. Adapting diabetes medication for
low carbohydrate management of type 2 diabetes: a practical guide. Br J Gen
Pract. 2019 Jul;69(684):360–1.